Trivela
– Olhando para a tabela de público da 15ª rodada do Brasileirão, o jogo entre
Goiás e Flamengo chama a atenção. A visita do clube de maior torcida do país a
um estádio enorme, em uma região na qual também conta com muitos seguidores,
atraiu apenas 10,2 mil pagantes – entre os nove primeiros jogos finalizados,
apenas o sexto maior público da rodada. Número baixo que contrasta com a renda
bruta, a segunda maior da rodada: R$ 760 mil, R$ 20 mil a mais do que São Paulo
x Cruzeiro. O Morumbi, porém, tinha quase o triplo de gente, com 29,7 mil
pagantes. E a explicação para a diferença, é claro, está em motivos comerciais.
preço estava exorbitantemente salgado no Serra Dourada: R$ 100 por um lugar nas
arquibancadas e R$ 200 pelas cadeiras. Ciente do apelo que o Flamengo tem na
região, a diretoria resolveu aproveitar. Cobrou o dobro do preço em relação ao
Corinthians, por exemplo, que rendeu há quatro rodadas R$ 388 mil de renda
bruta – com 9,4 mil pessoas no Serra Dourada. Os rubro-negros compareceram em
número razoável pelo cobrada e estratégia do Goiás encheu os cofres do clube
para garantir algumas semanas de salários pagos. Só que cobrando valores
absurdos para isso.
preço médio do ingresso em Goiânia neste domingo foi de R$ 73,8, o quarto maior
de todo o campeonato. A diferença é que os três primeiros da lista foram em
partidas em campo neutro, para “aproveitar” as arenas da Copa do Mundo: um jogo
de mando do Cruzeiro na Arena Pantanal; além de dois do Vasco, um na Arena
Pantanal e outro no Mané Garrincha.
Estádios que não recebem jogos sempre e possuem melhores condições que o
velho Serra Dourada.
Goiás, é claro, possui suas justificativas, bastante aceitáveis. A média de
público do clube é a pior do campeonato, com 4,8 mil pessoas por jogo. A
torcida alviverde não tem comparecido nem mesmo quando o preço é bem menor – na
partida anterior em casa, a R$ 28,7 a entrada (em média), apenas 1,8 mil
pagantes viram o duelo com o Santos. Os sócios pagaram neste domingo entre R$
10 e R$ 20 reais pelo ingresso. Além disso, o Flamengo está em alta desde a
contratação de Guerrero e atrairia bom público. A torcida rubro-negra já seria
maioria nas arquibancadas e, para evitar ainda mais gente, a solução seria
cobrar caro.
das contas, tudo isso é plausível. O difícil de conceber é a preferência por um
estádio deserto. Se o Goiás já “jogaria fora de casa” com inferioridade na
torcida, por que não cobrar um pouco menos e atrair mais flamenguistas? Até
porque, com mais gente, o consumo seria maior. Só que esta não parece ser a
lógica em geral. E um dos maiores prejudicados acabou sendo o próprio torcedor
goiano que não é sócio.
a finalidade das arquibancadas se torna só o lucro, o espetáculo das torcidas
não importa em nada. Uma arquibancada vazia vale bem menos do que uma carteira
vazia.
caro neste Brasileirão 2015:
x Corinthians (Arena Pantanal): 8,9 mil pagantes, R$ 96,6 ingresso médio
x Flamengo (Arena Pantanal): 14 mil pagantes, R$ 82,4 ingresso médio
x São Paulo (Mané Garrincha): 15 mil pagantes, R$ 80,6 ingresso médio
x Flamengo (Serra Dourada): 10,2 mil pagantes, R$ 73,8 ingresso médio
Preta x Palmeiras (Arena Pantanal): 11 mil pagantes, R$ 72,7 ingresso médio